BOA VISTA - A DELICIOSA COMIDA DE DONA KALU

15/05/2013 14:07
 

Aproveitando a minha vinda mensal a Boa Vista - Roraima, fui convidado pela minha amiga gourmet DRA (www.letrassaborosas.com.br) a conhecer a verdadeira comida roraimense, que recebeu influências nordestinas, venezuelanas, guianenses e principalmente indígenas.

 

Tudo acertado para o almoço, partimos para a casa de D.Kalu (Kalu Melo Brasil), uma filha de índia wapixana com um roraimense não-índio e uma das pessoas que tem se empenhado no trabalho de divulgar a culinária do seu estado. Posso defini-la como uma guerreira e uma chef de primeira linha, que me contou que o gosto pela cozinha começou com o seu marido, já falecido, que era um grande gourmet e um excelente anfitrião; nada melhor para uma cozinheira de mão cheia ver as pessoas se deliciando com aquilo que preparava. Depois que o marido faleceu, ela teve que desempenhar um trabalho para criar os filhos, que na época estavam com oito e 13 anos de idade. Os convites para servir coquetéis vieram por meio de contato de conhecidos e depois que fez o primeiro cardápio em um evento, passou a ser uma referência na cidade para quem queria um coquetel ou um jantar com comidas regionais.

E o papo vai fluindo, com várias histórias sobre a sua vida. Me conta como aprendeu a cozinhar tartaruga - quando era permitido -, e as técnicas para um bom cozimento e uma boa apresentação das suas 8 partes que são (ou eram) servidas.

 

 

Para o almoço preparou de entrada a damorida, que é um prato típico de origem indígena, feito à base de muita pimenta. Consiste de um caldo de peixe (dourada), cozido no tucupi e diversos temperos (tomate, cebola, pimentão, alho cheiro verde, chicória, etc), e um toque de tucupi negro reduzido que é comprado na guiana - esse aí da foto. 

É servido com pimentas (dedo de moça, olho de peixe, murupi, malagueta), mas, para mim, ela deu uma aliviada para não ficar "ardosa" demais, como dizem por aqui ... 

Delícia e ainda bem que estamos em pleno  inverno - 33º!!!

Depois pegou uma cumbuca e juntou mais pimentas picadas, colocando umas duas conchas de caldo e me disse: "se você sentir necessidade de mais pimenta"!!!

Delícia total, acompanhada de beijus que colocou no forno para "amorenar" e partiu em pequenos pedaços ligeiramente colocados para se banharem no meu prato. Segundo ela, os índios não cortam o beiju em pedaços, mas os comem servindo de colher.

Não satisfeita nos apresenta uma carne de sol desfiada com farofa d'água. O detalhe: a farofa não é frita e, sim, aferventada com água quente e temperos, inclusive manteiga de garrafa. Fui nas nuvens ... Combinação perfeita, com a carne super bem temperada e a farofa espetacular.

 

Para acompanhar tudo isso, suco de cupuaçu feito na hora.

Tais quitutes foram preparados nas verdadeiras panelas de barro macuxi - ia sair para comprar uma autêntica mas não deu tempo ... da próxima vez levo uma!

De sobremesa DRA preparou um creme de cupuaçu com geleia de buriti e castanha.

M-a-r-a-v-i-l-h-a!!!!

Como sou ainda um dos únicos idiotas que fumam, fui para o terraço da casa de D.Kalu apreciar a natureza e me deparei com este visual!

Quer mais? Faça amizade com a DRA e vá a Boa Vista ...