BRASÍLIA - ZIRIGUIDUM

19/03/2017 18:45

Crítica: Ziriguidum - boteco ou restaurante?

Antes de começar a minha crítica do 'Ziriguidum' fui no Google para conhecer o significado da palavra e me deparei com informações disparatadas e diversas. A que achei melhor foi: festa, folia ou música de carnaval... voltando há anos atrás me lembrei que o Osvaldo Sargentelli rotulava as suas mulatas analisando o ziriguidum de cada uma - mas isso não é do seu tempo!

O atrativo para irmos lá foi uma frase que li por aqui que dizia: "é o novo espaço de Brasília para saborear delícias brasileiras numa mistura que agrega elementos da gastronomia moderna à tradição da culinária nordestina". Por que acredito em tudo o que leio na internet?

Ainda li: "com cardápio regional bem brasileiro, mas que não deixa de ter também um conceito contemporâneo".

Então, vamos prestigiar a cozinha regional brasileira!

Logo ao entrar você tem a sensação de que tudo foi aproveitado de outro restaurante; não há uniformidade na decoração e parece que ainda está em obras. Alguns podem chamar isso de "street art", mas eu chamo de "mess art" - pode ser falta de modernidade minha ....

O serviço de atendimento é totalmente informal, às vezes informal demais. Dá a impressão que juntaram alguns parentes desempregados e resolveram dar um bico para eles. Usam roupas informais, falam no celular, saem para fumar no meio do atendimento, ou seja, uma grande família que faz o que quer. Aí uma exceção para o  barman Flavinho Ribeiro que parece ser o único profissional da casa, e que nos serviu 'a melhor caipirinha da cidade', segundo ele.

A cozinha está a cargo da chef Dani Goulart, com passado em consultoria e 'personal chef'.

Mais uma dica para o Ziriguidum: apesar do som se concentrar em MPB - ótimo -, não precisa ser na altura que inibe qualquer conversa no interior da casa. É só uma dica!

Começamos com pastéis de carne de sol, jerimum e vinagrete, acompanhados de geleia de pimenta. Massa excelente, recheio não tão excelente mas comíveis, amigáveis ... com a 'melhor caipirinha da cidade' fizeram o estomago entrar no ziriguidum.

 

Na sequencia pedimos uma carne de sol na manteiga da terra - para 2 pessoas -, com baião de dois, paçoca com cebola crua, macaxeira e banana cozida. A porção é farta e dá para umas 3 ou 4 pessoas comerem. A carne de sol veio em cubos mornos, com pedaços muito tenros e outros muito duros. A macaxeira estava dura - quando você está cozinhando a macaxeira já percebe se ela vai ficar boa ou não. Então, falha da chef em servir macaxeiras duras. O baião de dois estava correto, sem empolgar, bem como a paçoca - só não entendi a cebola crua! A banana, como não como, não posso dar uma opinião.

Aí vem a sobremesa: Cartola - banana frita, queijo coalho, açúcar e canela. Uma maçaroca totalmente diferente das que comemos no nordeste, particularmente no Leite do Recife. Em primeiro lugar não se usa queijo coalho e, sim, queijo manteiga. E é obrigatório vir com uma camada de açúcar e canela em cima. Uma receita fácil e simples que só leva banana, queijo manteiga, açúcar e canela. Coloco até uma foto da que é feita no Recife para inspirar a chef Dani - mude que o pessoal irá aprovar!

 

No final das contas não sei se o Ziriguidum é boteco ou restaurante, se o serviço é profissional ou não, se é a extensão da casa dos donos que tiveram a brilhante ideia de abrir um restaurante, mas falta profissionalismo na cozinha e no salão.

No final fico chateado comigo mesmo que não aprendo e vou em qualquer lugar que a imprensa gastronômica escreve por aqui... fazer o quê?

Ziriguidum - CLS 412 Bloco A Loja 37 - Brasília - @ziriguidumbsb - (61) 3548-4846