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PARIS - LE BISTRÔ MARBEUF

05/03/2013 14:32

Finalmente chegamos a Paris, depois de uma noite mal dormida em que dois bebês resolveram promover a olimpíada do choro dentro do avião - o que estava na fileira atrás de mim ganhou a medalha de ouro!!! Na fila da imigração portuguesa era patente a cara de insatisfação dos passageiros, principalmente a minha, que não preguei os olhos a noite toda ....

Mas o que interessa é que chegamos e já estou postando! Depois do check-in no hotel fomos procurar um lugar para almoçar pois o "carne ou massa" da TAP não sustenta ninguém. A minha listinha "a conferir" indicava que nas redondezas deveria ir ao L'Avenue, na Av. Montaigne, pertinho do hotel, badalado, gostoso, com mesas do lado de fora, e mais um restaurante dos irmãos Costes. Lotado, gente na calçada, público "nariz em pé francês", inclusive com o Bruno (não sei de quê), que trabalha com a Ana Maria Braga no quesito fofoca, esperando para entrar. O rapaz da porta (vamos chamá-lo assim!) nos olhou de cima a baixo e informou que só tinha lugar às 17:00 hs, para que zarpássemos dali o mais rápido possível.

Outra opção no "a conferir" era o Le Bistro Marbeuf, na rua do próprio nome, que oferece uma cozinha tradicional "lyonnais" de bistrô, despretensioso e com uma equipe super agradável. Nada como começar uma visita a Paris provando das delícias francesas.

Pedimos de entrada oeuf mayonnaise, que representa a comida clássica de bistrô e parisiense, que quando é feita nas regras da sua arte, é sublime para mim.

Existe, até, a L’ASOM - Association de Sauvegarde de l’Oeuf-Mayonnaise que define as regras de melhor confecção do prato, com algumas curiosidades: a qualidade do ovo deve ser de 75 gr de gordura e a maionese deve conter mostarda na medida ideal, além de ter excelente textura e temperos.

Um pouco da história dessa instituição francesa: A história se passa em Paris, durante a guerra de 14-18. John Doeuf era um jovem discípulo do inglês Oscar Wilde, que a declaração de guerra prestou um grande serviço, enviando-lhe a Paris como oficial de ligação com o exército francês. William Mayo Jones era um jovem médico da Embaixada dos Estados Unidos. Após graduar-se em Nova York, ele foi nomeado para Paris, mais interessado na noite do Maxim do que pela gripe do pessoal da Embaixada. E foi amor à primeira vista: uma noite, ele conheceu John Dœuf e no dia seguinte, ainda estavam juntos. Doeuf vivia reclamando que os ovos estavam secos demais e Mayo sugeriu cortá-los ao meio e cubri-los com o molho "mayo" inventado por seu avô. E assim nasceu o "ovo mayo", sem dúvida, o prato mais francês que contém colesterol e recomendado para isso, àqueles que não o têm. Tanto é assim que William Mayo Jones, de volta aos Estados Unidos, fundou a famosa Clínica Mayo que leva seu nome, especializada no tratamento de colesterol.

Para acompanhar, outro clássico francês: pão, água e um pichet de vinho. Na tradução literal, pichet é jarra, garrafa, mas, na prática, este significado vai além: alguns chamam de vinho da casa, já outros o definem como medida mesmo. Eu diria que são os dois: são os vinhos típicos da região, que, normalmente, são mais em conta que os oriundos de outros locais, vendidos em quantidades diversas: 14 cl (ótimo para uma pessoa), 25 cl (duas taças não fartas) ou 50 cl (ideal para duas pessoas para não correr o risco de ficar alcoolizado). Escolhi o de 25 cl - vou dormir mesmo ...

De qualquer maneira, o que mais atrai no pichet é a relação preço - qualidade. Mais baratos que os demais da carta e você ainda pode escolher o quanto quer beber!

Continuando, DJ pediu um entrecôte de Salers 300 gr à la fleur de sel et sauce béarnaise - contra-filé da costela, cuja carne estava gostosa, mas um pouco "nervosa" como de habitual.

Eu escolhi um confit de canard et pommes persillées, que é um dos meus pratos franceses preferidos. É tão francês, tão saboroso, crocante, servido com batatas assadas, que não existe maneira melhor de Paris me dizer: 'bem-vindo'.