PIRENÓPOLIS - MAISON BERTHOUT

03/04/2017 09:31

No fim de uma estradinha de terra batida, bem perto de Pirenópolis (7 km), com uma vista magnífica da Serra dos Pireneus, um casal de jovens franceses (Agnès e Grège Berthout) decidiu empreender: compraram uma propriedade rural e iniciaram uma criação de patos tipo de Barbarie, bem comum na América do Sul, e que possibilita obter o 'pato gordo' , com um sabor único.

Nos idos de 2010 estiveram na Bahia mas, influenciados por um casal baiano, fizeram uma viagem ao estado de Goiás e conheceram os Pireneus - só o nome da serra já foi um fator preponderante para se instalarem pois moravam no homônimo francês. Determinados, voltaram a França e procuraram saber tudo sobre a criação de patos e os desdobramentos em produtos que poderiam ser comercializados - inclusive a 'jóia da coroa': o foie gras! O pato é assim como o porco, dá para aproveitar todas as partes dele.

Daí é iniciada a Maison Berthout que hoje é constituída pelo casal, o pequeno e lindo Oscar,  a cabra Amalthys, a cadela Piu e a gata Custy, além de um pirenepolino que os ajuda esporadicamente.

  

Iniciaram vendendo pães artesanais na feira de domingo da cidade, para se adaptarem à nova realidade enquanto montavam a estrutura para comercializarem os seus produtos. Até ganhei um que alegrou ainda mais o meu café da manhã.

 

Numa casinha simples, mas que irradia muito carinho para quem os procura, Agnès e Gregèr já falam muito bem o português e contam a sua história. Atualmente têm umas 120 aves e abatem uma pequena quantidade para comercialização uma vez por mês, com público cativo principalmente entre cidadãos franceses que moram em Brasília. Segundo a Agnès, o objetivo é conquistar os paladares dos brasileiros ...

 

Ao conversar com eles você sente um brilho no olhar diferente, desafiador, mas ao mesmo tempo têm os pés no chão e querem evoluir com calma e aprendendo cada dia mais. Saí de lá vibrante pois vejo que a tranquilidade deles é totalmente diferente do povo brasileiro, uma vez que estamos desesperançosos e queremos sair daqui. Mas isso é outro papo!

Os principais produtos são o 'foie gras' (que ainda não experimentei pois a produção de março foi totalmente vendida), mas consegui o 'foie gras mi-cuit',  o 'magret' (o peito com uma camada de gordura e que, geralmente, é servido ao ponto para mal passado), as 'cuisses de canard confites' (coxas confitadas a baixa temperatura), 'saucisse fraîche' (linguiças frescas) as 'aiguilettes' - filé fino e relativamente magro que fica atrás do peito, tipo "o filé mignon do pato" (já estão comigo), patês, rillettes e mousse (comprei para experimentar), moelas e coração (encomendados para o mês que vem), a gordura do pato que serve para confitar e fritar batatas fritas, e, finalmente (ufa) os 'fritons' - os torresmos que experimentei e adorei misturando com arroz de frango que fiz ontem. Não cheguei nem a ver  os tournedos royal,  o rôti de magrets recheado com foie gras. Mas copiei da página umas fotos para deixar vocês e, principalmente eu, com água na boca.

    

Pergunto para o casal porque não criar ganso? A resposta vem imediata: "muito barulhentos" e senti que a Agnès tem uma paixão pelos patos quando pesquisei na sua página e tinha uma foto dela com os seguintes dizeres: " Agnès se apaixonou pelos patos desde os anos 90's, com a avó dela, na Borgonha". Acho que não precisa escrever mais nada ...

Como tantos que estão procurando o Brasil sinto que o que vem de fora agrega valor ou em produtos já consumidos como o queijo e/ou vinhos, por exemplo, ou em produtos que não temos como essenciais no nosso consumo diário, mas que gostamos muito!

Finalmente, desejo ao casal simpaticíssimo e acolhedor o sucesso merecido e uma vida longa neste Brasil de todos nós. Prometi fazer uma feijoada para estreitar as nossas relações e frutificar uma amizade que se inicia e se torne perene. Acho que já entrei para a 'Patota do Pato'.

Maison Berthout - Pirenópolis, Cerrado, Terra - Tel. (62)99600-9811 - maisonberthout@gmail.com