SÃO PAULO - KINOSHITA

07/05/2013 14:09

Nesta mini temporada de 3 dias em São Paulo fiz uma seleção de restaurantes que não conhecia. 

 

Comecei ontem pelo Piselli, de comida italiana, e prossegui hoje com um japonês que me encantou não só pela simpatia do chef Tsuyoshi Murakami, como também, pela qualidade da comida que é apresentada no Kinoshita. Até agora as escolhas estão 10!!!

Não tomei café da manhã hoje, só um expresso, e por volta do meio dia parti em busca dos sabores nipônicos de que tanto gosto...

Restaurante com poucas pessoas e me sentei no balcão mesmo para acompanhar o movimento dos mestres. 

Quando vou sozinho a um restaurante procuro ser o mais discreto possível para não chamar a atenção das pessoas acompanhadas que ficam pensando: "coitado daquele ali, não arranjou ninguém para almoçar com ele - deve ser muito difícil ser uma pessoa solitária".

 

E eis que surge o garçom com a célebre pergunta: "Água? Vai beber o quê?". Uma vez que estou num japa, nada melhor que tomar um saquê. Veio uma carta de saquês com inúmeras sugestões e escolhi uma taça de um saquê que não anotei o nome, mas com a aprovação do garçom: "Muito boa escolha - suave, seco, e ideal para acompanhar a Omakase (?)". Posteriormente procurei a palavra e descobri que era degustação - ainda bem!

Como tinha lido antes que o Kinoshita é adepto da "kappo cuisine", cujo conceito é a utilização de ingredientes sazonais, realçando o sabor natural de cada componente do prato, escolhi o Matsu - sequencia de 7 pratos e 1 sobremesa. Juntei o conceito com a fome que eu estava = casamento perfeito!

Falar em amuse bouche num restaurante japonês deve ser um pecado inimaginável, mas a pupunha no nambanzuke nada mais é do que um amuse, ou seja, com apenas uma mordida você acaba com o prato. Tratava-se de um palmito pupunha ligeiramente cozido e grelhado acondicionado numa conserva caseira difícil de explicar, mas com uma gama de sabores extraordinários.

Seguiu-se uma salada que vi os meninos à minha frente preparando, com um mix de folhas verdes crocantes e geladinhas, acompanhada de um cogumelo japonês morno pré-pronto que estava envolto em papel alumínio que exalava aromas diversos. Não sou muito de saladas mas comi tudo ....

Um trio de sashimis de salmão cortados à perfeição foram acompanhados por um shoyu especial trazido pelo chef, próprio para salmão (não sabia que isso existia ...).

Aparecem, então,  os hossomakis de atum (?), que são os sushis enrolados ... mas diferentes em sabor: havia um gosto diferente com um toque de gergelim e algo mais! Delícia!

Chega a estrela do almoço: um Wagyu Beef (carne de Kobe Beef) que desmanchava na boca de tão cozida que estava - parecia um ragu com um molho sensacional que, por não ter colher, sorvi até o fim na própria cumbuca. 

Acompanhava um misoshiru Kinoshita - missô japonês com dashi natural. Também não gosto muito de sopa mas essa foi até o fim.

Ainda acompanhando o Wagyu, um arroz fantástico com um detalhe: num potinho à parte a chef me explicou que era uma compota de chuchu curtida na cachaça especial para comer com o arroz. Gente, o que era aquilo????? O sabor era indescritível  parecendo um picles de chuchu!

De sobremesa um bolinho de coco úmido que derretia na boca, com fatias finíssimas de abacaxi, morango e kiwi.

Expresso e a conta, e uma passagem para o paraíso!

 

Na saída bati um longo papo com o simpático Mura - que me deu revistas, comprei o seu livro, me disse que sonha em abrir um restaurante em Brasília, que repõe as suas energias em Abadiânia, que .... um monte de coisas!!!! Meu mais novo amigo!!!

Parabéns Mura - a sua cozinha é F-A-N-T-Á-S-T-I-C-A!

Endereço: R. Jacques Félix, 405 - Vila Nova Conceição, São Paulo - Tel.: (11) 3849-6940